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USAID SPEED

Conselho de Monitoria do Ambiente de Negócios unanime sobre celeridade na implementação de Reformas Económicas

 Diálogo Público Privado

Neste mês de Novembro foram vários eventos realizados em Maputo sobre o mesmo Lema, “Melhoria do Ambiente de Negócios em Moçambique”. Financiado pela USAID, o Projecto SPEED+ tem apoiado iniciativas que visam o fortalecimento do diálogo público-privado e a implementação de reformas de políticas económicas e regulamentos governamentais que resultem na melhoria do ambiente de negócios no país.

 

Dos eventos realizados, destaca-se a reunião dirigida pelo Presidente da República Filipe Nyusi, no dia 3 de Novembro, com o titulo “Reflexão Sobre o Ambiente de Negócios em Moçambique”, onde o Banco Mundial apresentou os resultados de 2018 do “Doing Business”.

O relatório “Doing Business 2018” indica uma melhoria marginal de Moçambique no respeitante ao indicador geral de “distância até a fronteira” (significando a aproximação comparativa a indicadores de melhores práticas), contudo regista-se um posicionamento estacionário em 138 de 190 economias comparadas.

O segundo destaque foi a realização do Fórum de Terras nos dias 8 e 9 de Novembro que abordou a necessidade de reforçar os mecanismos que atraiam o investimento privado na terra. Destes mecanismos inclui-se questões de transferibilidade do Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT), sem obviamente ferir a constitucionalidade de que “a terra e exclusiva propriedade do Estado e não deve ser alienada ou penhorada”.

A questão de acesso e segurança de uso e aproveitamento da terra continua a ser uma variante de risco para o investimento privado de média e pequena escala na agricultura ou negócios relacionados com o acesso a terra.

O terceiro, foi o Conselho de Monitoria do Ambiente de Negócios (CMAN), dirigido pelo Primeiro Ministro e participado por representantes do sector privado e pelos Ministros das áreas económicas que teve lugar em Maputo no dia 17 de Novembro. Nesta reunião, os sectores privado e público fizeram o balanço das reformas concretizadas em 2017.

 O Governo destacou que foram doze (12) reformas adstritas à responsabilidade do Governo, das quais nove (9) foram concretizadas. Cinco (5) reformas têm apoio técnico do SPEED+, quatro (4) das quais relacionadas com a revisão do Código Comercial em curso e, uma (1) reforma relativa a revisão em curso da Lei e Regulamentos do Caju (Lei 13/99).

Relativamente a reforma do Código Comercial, para além da sua modernização, está prevista a: i) redução dos procedimentos de abertura de empresa; ii) remoção da obrigatoriedade de assinatura presencial no contrato da sociedade; iii) clarificação da exigência do depósito do capital social e; iv) protecção de sócios minoritários

Relativamente a Lei e Regulamento do Caju, a sua revisão visa reavaliar a relevância da taxa de exportação de 18%, que apresenta distorções no mercado, principalmente na transferência do preço internacional para os 1.4 milhões camponeses que produzem castanha. Estudo económico realizado pelo SPEED+, confirma que os camponeses recebem pelo menos 20% a menos do preço FOB da castanha não processada.

A taxa de exportação do Caju de 18%, supunha-se por tempo limitado de 5 anos, para apoiar uma industria ainda infantil, estando em vigor a mais de 10 anos. Os processadores beneficiam de um preço mais baixo de matéria prima e ganham prioridade de compra, durante o período de defeso em que é proibido exportar. Os comerciantes incorporam a taxa no custo e pagam menos aos produtores camponeses.

Estas questões continuam controversas e de um aquecido debate, no diálogo público privado e, mesmo no diálogo privado-privado.

Persiste a convicção dos governantes e dos processadores de caju que a indústria de processamento está a crescer e mantêm mais de 4 mil empregos directos, resultantes da taxa de exportação e da prioridade de compra de matéria prima dada a indústria. Nos debates, os processadores apontam para uma infinidade de custos altos de transacção, contudo qualificam a taxa de exportação com a única medida controlável para reduzir o seu custo de processamento e tornar o processamento primário da castanha viável. Por outro lado, uma utilização mais integrada da castanha incluindo o processamento secundário poderia trazer escala e reduzir os custos. Outras medidas na cadeia de valor, poderiam ser tomadas no sentido de reduzir os custos de transacção como custos, economia no custo de energia, transportes e custos portuários.

Para além da possibilidade de eliminar ou reduzir a taxa de exportação assim como o período de defeso na compra interna, a revisão da lei e do regulamento do caju, pretende introduzir reformas na definição do papel do INCAJU como instituição pública de avaliação e adopção de políticas e normas, com vista a melhorar a competitividade da indústria. Por outro lado, o regulamento poderá trazer inovações na normalização da comercialização e na introdução de sistemas de informação e gestão. Processos colaborativos de serviços de fomento, extensão e investigação serão também abordados na regulamentação.

A reunião do CMAN destacou importantes avanços nas reformas como:  i) a simplificação do licenciamento das actividades económicas; ii) a  simplificação do  processo de atribuição de vistos para os investidores; iii)  a eliminação da obrigatoriedade da licença para iniciar a actividade económica.

Foram igualmente apresentados na reunião desafios prevalecentes que inibem o investimento privado e a competitividade do país com destaque para: i) elevadas taxas de juro no mercado; ii) altos índices de corrupção; iii) ausência de cultura de poupança pelas entidades do governo; iv) ausência de criatividade no uso da terra para atrair capital privado na agricultura.

A reunião insistiu na necessidade de simplificação dos procedimentos e modernização da administração pública, através do aprimoramento das plataformas eletrónicas do Balcão de Atendimento Único (e-BAU), Governo Eletrónico (e-Governo) e Tributação Eletrónica (e-Tributação), para responder com eficiência à procura destes serviços pela sociedade.

Estas medidas quando implementadas, podem contribuir para melhorar a posição de Moçambique no ranking “Doing Business” do Banco Mundial, melhorar a competitividade do país, atrair investimento privado produtivo, gerar empregos e gerar crescimento económico desejado.