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Estávamos nós, os economistas, a ficar sem soluções para crises bancárias?

Quando a União Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu propuseram ao pequeno Chipre que todos os depósitos deveriam pagar a má gestão dos dois bancos comerciais falidos, parece que nós os economistas estávamos a ficar um pouco sem saber o que fazer e, nem mesmo, a respeitar as decisões tomadas num passado bem recente.

Há pouco mais do que 4 anos a EU tomou a decisão de segurar todos os depósitos até 100.000 euros. Agora para o Chipre já nós estávamos a esquecer este pormenor. Queríamos (os economistas incluindo Cipriotas) impor um imposto (riqueza) sobre todos os depósitos independentemente do valor segurado até 100.000 euros e em que banco esse depósito se encontra. Nem sequer estávamos a pensar que esta proposta de decisão de política económica poderia ter consequências demasiadamente nefastas para toda a EU, para o euro e se não mesmo a nível mundial. Os depositantes poderiam fazer uma corrida para levantar os seus depósitos uma vez que o seguro já não era respeitado. Isto seria o maior desastre de sempre para o sector bancário, seria o fim do euro e o colapso económico e financeiro de grande parte das economias que usam o euro.

Continuamos todos a não prestar a atenção e supervisão necessárias ao sector bancário. Depois, porque sempre acreditamos que os bancos são grandes demais para caírem, muitas vezes porque temos interesses pessoais ou políticos envolvidos, insistimos em que o restante da população e o orçamento, em particular, tenha que cobrir os gastos de má gestão.

Será que a EU, o FMI e os economistas aprenderam algo desta situação no Chipre? Alguns dos economistas e, em particular o Ministro das Finanças de Chipre, Michael Sarris, repensaram as politicas e produziram um pacote liquidando um banco comercial, reestruturaram o segundo e obrigaram os depositantes acima de 100.000 euros destes dois bancos a pagar cerca de 40% (esta percentagem pode bem vir a atingir os 60% ou mais) dos seus depósitos. Este pacote deve trazer algum espaço para que o Chipre possa respirar um pouco mas os seus prospectos nos próximos 10 ou mais anos não são muito brilhantes. Se ela e o euro vão sobreviver é a grande questão e os bancos centrais a nível mundial certamente estão já a pensar nisto assim como todos aqueles que especulam em mercados de moeda externa. Será que a supervisão do sector bancário vai melhorar? Esta é uma questão que muitos economistas vêm fazendo nos últimos 30 anos ou mais mas continuamos a ver estes colapsos a acontecer ciclicamente. Estes eventos são muito críticos para Moçambique. Será que nós, economistas Moçambicanos, estamos a pensar no que está a acontecer na EU, na sobrevivência do sistema bancário e do euro e nos impactos que possam resultar em Moçambique?